Arranquei em direção a sul, pelas dez da manhã, com as temperaturas a
continuarem a rondar os 40º. A estrada tem muito pouco movimento e as
distancias são grandes entre pequenas
povoações. Cerca da uma da tarde, ao parar numa das poucas área de descanso, que
se resumem a uma sombra com bancos e, às vezes, uma casa de banho, encontrei
uma família francesa de uma mãe e três filhas, uma delas acompanhada do
namorado. O casal estava a trabalhar em Katherine, ali perto, na apanha da
manga e as irmãs e a mãe vieram-nos visitar.
Contaram-me que 60 Km mais à frente
havia uma nascente onde se podia tomar banho. Fui até lá dar um mergulho e por
ali fiquei, montando a tenda no parque que havia junto.
Nessa noite caiu uma carga de água como não via há muito. Por sorte tinha
montado a proteção para chuva na tenda e acabei por voltar a adormecer ainda
com a chuva a cair. Acordei às oito da manhã debaixo de um sol lindo e 36º de
temperatura. Antes de sair voltei dar um mergulho junto às nascentes de água,
transparente mas morna.
Decidi percorrer uma etapa mais longa, de 550 Km ainda para sul, que me
levaram até Three Ways, o cruzamento onde iria virar para Oriente.
A estrada, de apenas uma via em cada sentido, é bem alcatroada. São longas
rectas, por vezes de muitas dezenas de quilómetros, com muito pouco movimento.
Durante o dia cruzei-me só com dois ou três carros e outros tantos camiões.
Esta suposta “highway” é ladeada de árvores de médio porte a maioria com os
troncos queimados, propositadamente. Fazem estas queimadas controladas,
poupando as copas, para evitar incêndios de maiores dimensões. Quando chega a
época das chuvas, tudo volta a ficar verde. Chego a percorrer mais de cem
quilómetros sem ver um carro, camião ou vivalma. As únicas construções são os
montes em terra construídos pelas “termites” ou formiga branca, que chegam a
atingir mais de dois metros. Curioso foi os que vi em Litchfield Park, em
formato de uma espécie de lâmina, sempre construídos no eixo norte/sul.
Cientistas acharam estranho estas formigas conseguirem construir estes espécies
de abrigos para milhões delas sempre neste sentido sendo elas cegas e portanto
não se podendo orientar pelo sol. Depois de experiencias em que através de
poderosos ìmans mudaram o campo magnético de certas zonas, levando-as a mudar o
sentido das construções, chegaram à conclusão que elas têm uma espécie de
bússola incorporada no corpo. Extraordinário.
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