23 de novembro de 2015

Mataranka



Arranquei em direção a sul, pelas dez da manhã, com as temperaturas a continuarem a rondar os 40º. A estrada tem muito pouco movimento e as distancias são grandes entre  pequenas povoações. Cerca da uma da tarde, ao parar numa das poucas área de descanso, que se resumem a uma sombra com bancos e, às vezes, uma casa de banho, encontrei uma família francesa de uma mãe e três filhas, uma delas acompanhada do namorado. O casal estava a trabalhar em Katherine, ali perto, na apanha da manga e as irmãs e a mãe vieram-nos visitar.
Contaram-me que  60 Km mais à frente havia uma nascente onde se podia tomar banho. Fui até lá dar um mergulho e por ali fiquei, montando a tenda no parque que havia junto.
Nessa noite caiu uma carga de água como não via há muito. Por sorte tinha montado a proteção para chuva na tenda e acabei por voltar a adormecer ainda com a chuva a cair. Acordei às oito da manhã debaixo de um sol lindo e 36º de temperatura. Antes de sair voltei dar um mergulho junto às nascentes de água, transparente mas morna.
Decidi percorrer uma etapa mais longa, de 550 Km ainda para sul, que me levaram até Three Ways, o cruzamento onde iria virar para Oriente.
A estrada, de apenas uma via em cada sentido, é bem alcatroada. São longas rectas, por vezes de muitas dezenas de quilómetros, com muito pouco movimento. Durante o dia cruzei-me só com dois ou três carros e outros tantos camiões. Esta suposta “highway” é ladeada de árvores de médio porte a maioria com os troncos queimados, propositadamente. Fazem estas queimadas controladas, poupando as copas, para evitar incêndios de maiores dimensões. Quando chega a época das chuvas, tudo volta a ficar verde. Chego a percorrer mais de cem quilómetros sem ver um carro, camião ou vivalma. As únicas construções são os montes em terra construídos pelas “termites” ou formiga branca, que chegam a atingir mais de dois metros. Curioso foi os que vi em Litchfield Park, em formato de uma espécie de lâmina, sempre construídos no eixo norte/sul. Cientistas acharam estranho estas formigas conseguirem construir estes espécies de abrigos para milhões delas sempre neste sentido sendo elas cegas e portanto não se podendo orientar pelo sol. Depois de experiencias em que através de poderosos ìmans mudaram o campo magnético de certas zonas, levando-as a mudar o sentido das construções, chegaram à conclusão que elas têm uma espécie de bússola incorporada no corpo. Extraordinário.

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