15 de dezembro de 2014

Lombok




Quando regressei a Denpasar vindo de Ubud passei no Hotel do italiano onde tinha ficado antes, a buscar duas malas que lá tinha deixado e no registo em que tinha pedido uma extensão do meu Visto de entrada no país para depois seguir a caminho do barco que me levaria a Lombok, a próxima ilha a caminho de Timor.
O passaporte não estava pronto e quando saí, já perto das três da tarde, achei que dificilmente apanharia um barco nesse dia. De qualquer forma fiz-me à estrada, não sem antes ter parado num excelente restaurante italiano para almoçar a pensar que provavelmente iria enfrentar mais uns dias sem uma refeição decente.
O GPS tem um problema de regulação que tenho estado a tentar resolver mas que ainda me manda muitas vezes dar “a volta ao bilhar grande” antes de chegar ao destino. Desta vez programei-o para me guiar até à vila da doca e ele, felizmente, mandou-me para uma zona montanhosa mais a norte.
Quando fui a Ubud o italiano do Hotel de Bali tinha-me dito que não poderia deixar de visitar um lago fabuloso que existe na cratera de um velho vulcão extinto, ao estilo da nossa “lagoa das sete cidades” nos Açores que é daquelas paisagens que, quando vemos pela primeira vez do alto da montanha, ficamos de boca aberta de espanto pela beleza natural do local.
Pois desta vez o GPS mandou-me para a zona montanhosa junto ao lago Danau Batur. Quando lá cheguei acima, já depois de ter percebido a volta que estava a dar e de ter apanhado mais uma enorme chuvada, com ruas inundadas pelo caminho, vi um letreiro a indicar “Lake View Hotel”. Lembrei-me então da recomendação do italiano e, como já eram quase seis da tarde e estava um nevoeiro que não permitia ver lago nenhum, decidi por ali ficar. O Hotel estava vazio, ao ponto de ter passado aquele final de tarde a jogar “snooker” com a menina da recepção.
No dia seguinte, quando acordei e olhei para a vista pela janela do quarto, conclui que foi uma óptima ideia ter por ali ficado. O Hotel tinha uma situação fabulosa no alto da montanha, com vista deslumbrante sobre o lago. Estava uma manhã linda de sol e tomei o pequeno almoço no terraço superior a regalar os olhos com aquela paisagem fantástica.
Desci depois a serra por uma estrada muito sinuosa mas linda deste interior de Bali, com muita vegetação nas margens e, a certa altura, uma vista espetacular do alto da montanha para a costa com muitas palmeiras e um mar salpicado de pequenas ilhas.
Já no porto um polícia de alfandega perguntou-me onde ia e quando lhe respondi disse: “então talvez fosse boa ideia eu ver os documentos da moto”. É coisa que não me pedem nem nas fronteiras e não fazia ideia onde os tinha metido. O que vale é que quando ele percebeu que eu tinha que abrir e vasculhar várias malas disse: “deixe lá, deixe lá. Pode seguir”.
No barco para Lombok, a próxima ilha a oriente, numa travessia de mais de quatro horas, houve dois rapazes simpáticos que meteram conversa e combinámos que seguiria depois a moto deles para me indicarem um Hotel onde ficar. Pelo caminho pararam numa grande rotunda para se encontrarem com outros amigos, uma situação muito comum aqui. Os miúdos estacionam as “scooters” junto ao passeio central das rotundas e ficam à conversa, sentados nas rotundas. Quando não são rotundas são pontes. Sempre que há uma ponte sobre um qualquer rio vemos várias “scooters”, quando não são dezenas, estacionadas com miúdos à conversa.
Um dos rapazes pediu a um amigo para ir comprar à esquina umas maçarocas de milho e uma bebida à base de leite de coco misturado com um pouco de limão, leite e açúcar, que eles servem em pequenos sacos de plástico com gelo. Corta-se um canto do saco de plástico e bebemos por ali. Foi aquele o meu almoço e estava óptimo.
Estes rapazes recomendaram-me visitar uma pequena ilha próxima, Gili Trawangan que segundo eles era uma “free Island”.
- “O que querem dizer com isso de free Island”?
- “É uma ilha em que não há polícia e por isso pode-se fumar erva ou cheirar coca à vontade que ninguém diz nada. Cada um faz o que quer mas funciona tudo muito bem e não há crime porque é uma comunidade pequena e, se alguém se porta mal é simplesmente corrido da ilha. Não há veículos motorizados e só se pode circular de bicicleta ou a cavalo”.
Achei graça e no dia seguinte fui à procura de um barco que me levasse a Gili Trawangan.

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